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viernes, 19 de marzo de 2010

São José e o tema da justiça - Por Ir. Gilton Holanda, SSS

Anualmente, no dia 19 de agosto, a Igreja celebra a festa litúrgica de um dos santos mais populares do calendário católico. São José, pai adotivo de Jesus, patrono dos trabalhadores e da igreja universal é modelo para muitas famílias e ícone da fé popular brasileira.

Interessante é que essa enorme devoção não data de período recente. Já nos primeiros tempos da era cristã, no Oriente, começava essa piedade ao homem que acolheu Maria como esposa mesmo não sendo o pai biológico do filho que ela estava gestando. No Egito, por exemplo, ao redor do século IV, se escreveu um célebre testemunho chamado A história de José, o carpinteiro resgatando elementos da vida desse personagem que combina paradoxalmente a popularidade devocional contrastada com a falta de abundantes testemunhos a seu respeito.

Porém, se nos voltarmos às informações oferecidas pelos relatos bíblicos do Primeiro Testamento, ainda que sejam parcos, elas não deixam de nos brindar dados valiosos sobre sua personalidade (Cf. Mt 1, 16.18-25; 2, 13-15.19-23; Lc 1, 27; 2, 4S; 2, 16; 4, 22). Nesse caso, a quantidade cede espaço para a qualidade. Dentre esses, nos parece capital o de Mt 1, 19 que confere a figura de José o adjetivo de .

Ao contrario do que vemos nos demais evangelistas, onde essa figura é aparentemente esquecida, Mateus concede uma virtude central a José. Ao chamar o pai putativo de Jesus como <> lhe é conferido uma dignidade que não foi dada a qualquer personagem bíblico. Justiça é a palavra chave do modo em que o evangelista em questão entende o discipulado cristão. Seguir a Jesus não é questão de confessar oralmente que se crê no homem-Deus de Nazaré, antes é adquirir uma postura justa diante a vida.

Assim, José não é somente o piedoso homem que recebe a Maria por esposa a fim de que ela não seja condenada pelos costumes e tradições de seu tempo. O carpinteiro, mais que tudo, condensa o ideal daqueles que decidem seguir o difícil caminho da fé por meio da obediência à vontade de Deus, que exige inocência e equidade.

Instrutivo é que o próprio termo justiça, do latim iustitia, porta um sentido de santidade, pureza, vontade divina (Cf. Schrader, Mommsen y Breal). No Direito Romano, a igual, justiça se referia a “arte e conhecimento das coisas divinas e humanas e a ciência do justo e do injusto” (Montoro, A. F.; Maria, S.).

São José foi justo porque soube equilibrar os valores que vem da fé com aqueles inerentes a vida. O absoluto não poderia ser a tradição com sua rigidez característica. Tampouco a concessão à permissividade que corrompe a dignidade da pessoa. Ele soube respeitar a dimensão corporal, psicológica, social e religiosa de uma mulher que, acima de qualquer projeto divino, estava inserida em um contexto determinado por uma ética legalista.

Nestes termos, José não somente interessa aos cristãos, antes de tudo ele é referencia para qualquer pessoa preocupada com uma ética natural ou fundamental. Fazer a vontade de Deus não é coisa estranha aos valores presentes nos bons humanismos. Se para o evangelista Mateus piedade caminha junto com justiça, coisa que o santo carpinteiro soube conciliar, para qualquer ser humano de boa vontade é permitido o direito de se inspirar nesse exemplo de respeito e amor pelo próximo. Assim que não foi por acaso que o Papa Benedito XV o declarou como patrono da justiça social.

Por tudo isso, resta-nos a tarefa de nos servir do testemunho dessa figura singular que plasmou sua vida segundo os critérios que vem de Deus e se inserem no bem viver humano. Certamente teríamos um mundo mais afinado aos princípios básicos que velam pela dignidade da pessoa humana. Feliz dia de São José!

Ir. Gilton Holanda, SSS

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